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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CONCENTRAÇÃO

Não, não conheço Treblinka,
Auschwitz.
Não divisei Eichmann entre secretárias risonhas, cínicas.
Mengele, Goering
nunca me foram apresentados.
Memórias rodadas,
transparências dolorosas.
O trabalho,
amigo do pão;
a pá, amiga da vertigem,
já não tombavam em verticais gozos lacrimais.
Não vi aqueles
que hoje,
veriam Treblinka, Auschwitz
em cada canto da sua liberdade incógnita.
Queridos alentos,
aplaudem
Eichmann, Mengele, Goering.
Suspiros, sussurros,
vagas de torcida inquietude;
caem três tordos,
três abutres gargalham,
nessa queda elíptica,
raiz quadrada da derrota estatística,
função singular de um "rouge"
assim petiscado,
numa fossa alva,
viva de memórias farpadas,
armas sem cravos,
gargalhadas reversíveis.

(imagem obiterada)

11 comentários:

  1. Bem forte este poema!! Gostei...não sei dizer mais...beijinhos.

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  2. concentração...só a palavra magoa
    bom texto
    beijos

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  4. Prezado Jaime,
    primeiramente, agradeço os elogios ao blog, que surgiu de conversas pelo msn, com a colega e amiga Ana Matias, que pesquisa muito sobre a literatura portuguesa. Daí surgiu a ideia deste blog. Será um privilégio para nós contar com a tua participação. Para participar deste projeto, precisamos que nos indique um email para que enviemos um covie para ser colaborador do blog GPS. Sugerimos também que se tiver alguma imagem pra localizar tua cidade (creio ser Lisboa, por conta da visita a teu interessante blog), para ilustrar de onde estás a postar, e dali em diante é só publicar nesse ambiente virtual textos em prosa e verso, divulgando o blog aos amigos e conhecidos, convidando-os para participar... o objetivo do blog é este mesmo de intercâmbio artístico e cultural. Grato pela visita e interesse em participar. um abraço, José Roig.

    post scriptum:
    podes enviar teu endereço eletronico pra o meu, abaixo, que te envio o convite para participar do blog GPS, abrs.
    joseroig7@hotmail.com

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  5. Temi ao publicar este texto. Não preciso explicar porquê.
    Sinceramente fiquei admirado pela súbita "chuva" de comentários. Não encheram a caixa, mas lembraram-me que alguém passava por aqui, lia e "deixava rasto" (perdoem a expressão).
    Agradeço a vossa atenção, pena é que o tema seja tão estranho, tão alvitante...

    Um abraço a todos os meus comentadores.

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  6. Também não vi Treblinka nem Auschwitz. Tão exígua aqui a palavra sofrimento...
    Gostei do poema.
    Um abraço.

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  7. parece que a linguagem do dia volta ser essa

    essa a reflexão e o sentimento

    ...nunca deixou de o ser...

    abraço PN

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  8. Sempre, meu caro Pedro, sempre.
    Um forte abraço de camaradagem

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  9. São estas palavras as melhores amigas da memória, que o mundo nunca esqueça... que nunca chegue o dia em que se ouça a dúvida "Terá acontecido mesmo?"
    Também não conheço o espaço, conheço a história,
    da mágoa e dor de muitos conheço testemunhos,
    Liberdade... SEMPRE!

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