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domingo, 14 de dezembro de 2008

ocularis

Diz-me que desprezo é esse
que não olhas pra quem quer que seja,
ou pensas que não existe
ninguém que te veja
(António Variações)



Meus olhos tropeçam

no esguio ar dos outros.

Arrogo-me ao desdém

e caminho

num luto por mim mesmo.

Meus olhos implantam-se

nos negros que vêem;

tropeço em memórias,

sinais.

Olhos inquisidores,

olhares, sempre olhares.

Cúmplices, reféns

de minhas mãos

que os embalam,

que os regem,

em majestosa cadência,

em sumptuosa ínsula...



(foto retirada da net)

4 comentários:

  1. antónio variações, poemas fabulosos.

    deu o mote ao teu.

    :)
    bjs.

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  2. Do que os olhos vêem restará tão somente a recordação...
    Impressa na nossa alma com a força dos sentidos...
    Os sons, os cheiros, o toque, o sabor, as imagens...
    Mas o tempo... esse que nada sente... leva-as com ele e, das recordações, massa do nosso ser... restarão apenas memórias do que foi...

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  3. A "demência" de Variações é também um pouco minha, daí...

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  4. apenas as memórias do tempo, blindness. A fuga, o desapego também. Não será ainda cedo para te preocupares com isso?

    Beijos

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