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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Esgueirando-me pelo tempo

Esgueiro-me pelas colunas do tempo,
rastejo entre as ervas altas de muitos verões.
Espalhadas as estátuas
lembram um futuro que não houve,
subitamente.
Colunas vazias,
não há docéis,
tapetes.
Sacerdotes erguendo oferendas
fumegantes,
ostensivas,
soberbas
em altares inesquecíveis;
tudo longe,
aras quebradas,
deuses anónimos,
um passado olhando o hoje
que agora se não vê.
Apenas o meu rastejar,
trémulo, escasso,
fugindo às poeiras de ontem,
as ervas ocultando
quem não tem memórias
de um tempo
em que os deuses
com um sorriso
possuíam tudo,
possuíam todos...

2 comentários:

  1. ...[deuses] "que possuiam tudo/que possuiam todos..." mas que deixaram esse "rastejar" rumo ao livre arbítreo.
    Um beijo
    Lena

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  2. Sim, rumo à liberdade da opressão sacerdotal, rumo ao "crer" e não ao "ter de crer".
    Bem-hajas por apareceres, Helena.
    Um beijinho

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