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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Sul, o Além-Tejo

Hoje,
o Sol desceu,
numa irritante lentidão,
por uma tarde silenciosa,
baça;
entre as árvores,
ao longe,
viam-se os restos do repasto de uns lobos,
uma fome antiga já morta...
entre os caules de trigo
as cigarras quase zumbiam,
deixando-me os ouvidos ansiosos;
era um exemplo cáustico, 
este entardecer: 
nada havia que me despertasse, nem a sesta 
debaixo de um sobreiro;
a terra estava saudosa de água,
os arbustos eram cata-ventos
de um sopro cálido, quase bestial;
Era nesta quietude
que os braços das oliveiras,
prenhas de "candeio"
se assomavam às portas do tempo,
eterna passagem de um Sul já esquecido...























(fonte da imagem: n/a)

3 comentários:

  1. Um sul esquecido com a terra sempre à espera da água. Um belíssimo poema, amigo.
    Só hoje consegui postar um comentário por dificuldades do blogger.
    Um abraço.

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  2. Uma luz cadente que vai pousar na nudez da terra, seca e abandonada.

    Belíssima imagem!


    Lídia

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  3. Toda a prosa é bonita, mas termina de forma muito bonita!

    A imagem é igualmente bela...

    um abraço

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