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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

origem


Vigia as tuas mãos,
os teus olhos,
os teu pulsos;
não rasgues os teus dedos na caliça
que te esqueceu;
não ouças as visões - brindes do tempo;
não cabeceies sobre o teu peito:
já não há quem se incline sobre ti.

Regressa à tua terra,
agarra os torrões, as ervas,
abraça os teus trilhos e sorri ao vento,
as madrugadas pertencem-te,
e os poentes alargam-se
e pintam-te a alma de ouro.
















(fonte da imagem: net, origem desconhecida)

5 comentários:

  1. Magnífico poema. Da vigilância e do regresso às origens.
    Um abraço.

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  2. Gosto muito da obra poética de Nuno Júdice. O seu poema trouxe-me este à memória:

    A Origem do Mundo

    De manhã, apanho as ervas do quintal. A terra,
    ainda fresca, sai com as raízes; e mistura-se com
    a névoa da madrugada. O mundo, então,
    fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
    por baixo da terra; e as raízes sobem
    numa direcção invisível. De dentro
    de casa, porém, um cheiro a café chama
    por mim: como se alguém me dissesse
    que é preciso acordar, uma segunda vez,
    para que as raízes cresçam por dentro da
    terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.

    Nuno Júdice, in "Meditação sobre Ruínas"

    Um beijo

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  3. Regressar às origens,

    meu caro,

    eis o que procuram

    os espíritos poéticos!

    Um abraço

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  4. Muito bom...atordoante, eu digo!

    Literalmente um baita empurrão para a vida que parece adormecida, ou simplesmente esquecida...

    []s

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  5. A todos vós:
    estou muito grato pelas vossas palavras.
    Bem-hajam.

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