pelos rastos, restos das folhagens,
rojando-se pela terra dormente no seu sonho cavo.
Chegará, então, o tempo da sementeira,
e, logo por entre as papoilas,
as minhas renovadas mãos debulharão
as novas palavras
que os ventos, os pássaros, os arco-íris, as nuvens,
hão-de derramar
- pelas bocas ávidas:
nos campos
de concentração da vergonha;
- pelas bocas ávidas:
das fomes gritadas
nas ruas "cosmopolitas";
- pelas bocas ávidas:
dos atropelados-desprezados
da "Sociedade".
Na fúria da paisagem rasgada de poentes,
ecoando ao longe o brincar dos meninos,
as minhas pobres mãos
agarram e urdem
as últimas estrofes,
os últimos andamentos
de um hino-marcha
que arrasta consigo o pó
de quem se não quis vencido.
(fonte da imagem:
Continuo a gostar de te ler! Beijos.
ResponderEliminarPalavras que cavam em busca da raiz de um tempo vencedor.
ResponderEliminarUm beijo
Belo,
ResponderEliminarsem dúvida!
Um abraço
Jaime, um poema, com vida, com lucidez, Palmo a palmo a palmo distorcendo a imagem das razões que tudo justificam. Um poema de quem não aceita os hábitos de forma pacífica.
ResponderEliminar"Se as minhas mãos debulharem as palavras,
ResponderEliminarespera pelo Outono,
(...)
Na fúria da paisagem rasgada de poentes,
(...)
que arrasta consigo o pó
de quem se não quis vencido."
Fica apenas o meu registo de que há poemas que nao conseguimos comentar sob pena de lhes retirar a essência e até a beleza. Gostei muito.
Abraço
Espero que não te importes que tenha levado comigo este poema para o CPV.
ResponderEliminarUm abraço