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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

nocturno

No caminho do lobo,
encostado ao muro,
sigo as pegadas musgosas,
quase feéricas,
fétidas,
de velhos sonhos da floresta.
Em certas noites,
(dizia-se)
abriam-se atalhos,
a Lua descorava
num festim de gloriosas
chuvas áureas.
Arfo entre dois pontos,
suspiro àquela mata,
que recorda tempos
de fantasias lerdas,
de juízos malfadados,
de intrusões malditas.
Os meus passos suam
soluçam,
suspiram
restos de vinganças,
os meus olhos vêem
garupas escoriadas,
visões almoádas
(de quando o califa imperava),
os meus ouvidos ouvem
rezas há muito esquecidas,
um tropel de imprecações;
os tempos alvorecem
na minha frente...
na busca do dia.

{Ditei-te estas palavras...}

(imagem retirada da net, pormenor de
"Noite estrelada" de van Gogh)





































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