A lenda do escultor
Assim termina a lenda
Daquele escultor:
Nem pedra nem planta
Nem pedra nem planta
Nem jardim nem flor
Foram seu modelo.*
E na sua partida,
no rasto que deixou,
semearam rosas;
estavam certos
de que as suas imagens
de que as suas imagens
alvejariam os céus,
no esplendor da ira;
no esplendor da ira;
e, no seu orgulho,
iriam zurzir o kitsch
- talvez a lenda
que o escultor
tivera na fronte
e esquecera -
e esquecera -
Assim termina a lenda,
e as rosas semeadas
trouxeram a paz,
e o povo benzeu-se,
murmurando um "Deo Gratias",
na calma preguiça
do cair da tarde.
(*Sophia de Mello Breyner Andresen,
poema Final in "O Cristo cigano")
(fonte da imagem:
www.descubraportugal.com.pt/,
claustro do mosteiro da Batalha)
claustro do mosteiro da Batalha)
As rosas sempre trouxeram paz. Gostei deste "diálogo" com o poema da Sophia".
ResponderEliminarUm beijo.
foi um prazer ler este poema onde a paz permanece nas rosas
ResponderEliminarum abraço
Um dialogismo muito interessante dos dois textos e deles com a imagem.
ResponderEliminarUm beijo