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terça-feira, 26 de outubro de 2010

queda XII

Uma palavra persigo,
faro em umbigo assente ;
a minha memória
já não regista a gramática,
pois a palavra é poente
entrando pela madrugada;
submerso pelo tempo,
o texto nem busca glossário;

os meus olhos nem sentem
as sobras de tempos vadios;
há frases que buscam os meus dedos,
nada encontram:
encarquilho-me pela fuga do sujeito.

Escrevo,
escrevo o que me ditam os olhos,
cegos da poeira viscosa
que se atravessa pelos corredores do tempo;
as distâncias alteram-se em "vês" de vitória
(ou vitupério);
debruço-me, enfim,
no balcão do devaneio:
o poema cintila,
fresco,
quase vida;
falta ser meu:
em acta lavrada,
papel assinado,
registo, escritura
por meu pulso firmado.
(fonte da imagem:

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