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domingo, 4 de abril de 2010

Finis













Não há eterno, já;
o infinito prometeu o vazio.
Já não vivemos:
as promessas
caíram em mãos indiferentes.
Já nem a tua voz
me leva à resposta.
As palavras doeram,
na ruína dos afrescos;
já não se (h)ouve um coração;
estradas solidárias,
gélidos carris,
não carregam
o vago sol da manhã.

Fugi;
da minha boca vazou-se o silêncio;
meus pés julgaram-se em atalhos,
em atalhos de bruma.
Não há fado,
sina,
o sempre.
Apenas uma luz fugaz,
entre dois palmos de fumo.

(fonte da imagem:
http://flickr.com/photos/kyramas)

4 comentários:

  1. há sempre um eco
    ainda que açoitado pelo susto da tarde.
    há sempre um coração que se ouve
    pelos dedos da insónia

    até pela manhãzinha,
    quando a luz morde devagar o cimo dos muros.


    beijo

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  2. Tão verdade!
    Adorei o tue poema.
    Beijos.

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  3. "as promessas
    caíram em mãos indiferentes"
    Infelizmente já é uma rotina que nos vamos habituando sem reclamar...
    Bom poema, estás a escrever cada vez melhor.
    Abraço.

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  4. Mas quem sabe se dessa luz fugaz os atalhos de bruma não se transformam em vagas que trazem respostas...

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