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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

ar

Vês tu?
É o vento que se acerca,
o sobressalto.
Traz consigo,
nos bolsos do poema,
dois, talvez três,
risos escusos.
Não vês o pardo areal
brilhando louco na gesta
mais do que esquecida,
desprezada? 
Não vês o vento,
o espanto,
a dor ressaltada?
Não vês os olhos baços,
presos nas esquinas das águas?
Não vês?
Por favor!
Não vês?
(...)
Não.
A tua voz ressalta,
quase canta,
mas teus olhos
fecham-se à matiz dourada
do tempo de agora...

(imagem retirada da net
Auguste Renoir:
"Rajada de vento")

3 comentários:

  1. Gostei do teu poema, caro amigo.
    A tua escrita continua a evoluir pela positiva.
    Bom resto de semana.
    Abraço.

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  2. olha-me!

    sou um mar cruzado

    na memória de naufrágios

    rasto perdido de navios muito

    antigos, choro de marinheiros.

    olha

    o vento nos ombros.

    o escombro na pele.

    por favor, olha-me...

    não, há uma luz que emana das águas

    e me cega

    ____

    um sorriso de luz, como rota.

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  3. Não posso deixar de "comentar este teu comentário", marés. Há uma força que emana, as imagens tão "gráficas"... Gostei mesmo muito!

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