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sexta-feira, 6 de março de 2009

sacrossantas mãos



Por mil vezes que partisse,
bornal entrelaçado nas espáduas
(cálidas, quase vãs),
por mil vezes que voltasse,
litúrgico acto de despojo ,
nada me reconciliava
com a tua fronte longínqua, genial
(dizia-se…).
Um bornal,
ciclicamente desnudo,
um acto de pobreza,
uma ausência de abraço
terno, fácil.
Teus dedos finos
tanto se erguiam,
que refulgiam o divino.
Envolviam-se, então,
em tão veras crenças,
quantas as vezes em que meu bornal
marchara na sua muda obediência.

Prudentemente,
escassamente,
sorriste-me.
Meus lábios iniciaram a partida, então.
Meu bornal, agora completo,
agora leve de si,
encetava, o curso
da pobreza,
da obediência,
de uma castidade
(fidelíssima afinal...)



(imagem retirada da net)

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