Tão perto
e o outro
vai-se esfumando,
a memória
já não lhe toca.
Há outros cheiros,
há outras cores nos ares;
olhos vidrados no nada,
pendurados em ninguém,
presos aos olhos
de quem passa,
silenciosos
revirando o chão.
Amor é nada,
vai,
deixa, deixa o obscuro gosto,
da ausência;
amor é nada,
deixa o travo da espera,
do frio nos braços
entrelaçados
em si.
Amar,
é amar o que não foi,
a fantasia,
o querer,
querer que o outro
fosse o que não era.
O amor sempre partiu,
numa fuga
infame.
(...)
Amor?
Melhor o frio
sem memória...
(a partir de um pensamento de blindness)
(Fotografia de J.N.)
O amor, quando não é obcessão, deixa uma lembrança quente... por vezes essa lembrança pode apertar ligeiramente o coração, mas se fosse assim tão mau já viviamos de portas fechadas para o mundo há muito...
ResponderEliminarQuerida blindness:
ResponderEliminarO amor até pode acabar "por acabar", deixar uma lembrança que se esfuma; outras relações, por serem menos "exclusivistas", tenderão a perdurar mais. Na sua volatilidade e posse é que o amor se perde. Que achas?
Beijos
Mas quem somos nós se, num qualquer momento da nossa vida, não tivémos alguém que nos achasse seu e a quem nós achámos nosso?
ResponderEliminarEssa exclusividade... esse é o fim, as relações não devem ser exclusivas, não podemos ser exclusivamente filhos, irmãos, namorados, a nossa vida é um interlaçado de relações, umas mais próximas que outras mas nenhuma delas deve ser exclusiva, somos afinal de contas um ser social, sedento de relações com os outros...
Penso que esse é o toque a finados do amor: "tu és meu, tu és minha". Não pertencemos a ninguém e quem se lembra disso? Na sofreguidão do amor, a "propriedade" causa mazelas profundas, porque não sabemos mover-nos na liberdade que é nossa, por dever desta relação. Que resta então? Não sei.
ResponderEliminarPS - adoro os teus comentários. Incentivam-me à descoberta da palavra, da ideia.
És sempre muito bem-vinda.
Um beijinho
ai o amor...tanto ja se disse e tão pouco fertilizou.
ResponderEliminarBonito...parabens!
O amor só fertiliza quando realmente existe. E isso quando será?
ResponderEliminarGrato pela tua visita e comentário.