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quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Quando tiver tempo

Quando tiver tempo,
fechar-me-ei num armário,
e escavarei lascas de madeira,
feitas grãos de areia,
e, então,
verei
como é lindo o cimo do sonho,
o tecto feito azul,
as teias de aranha;
nuvens,
o bicho da madeira;
marulho do mar.
Então,
abrirei a porta
e o vento da morte
cercar-me-á,
mas não me levará consigo,
porque me fechei num velho armário,
já esquecido pelo tempo.

6 comentários:

  1. Quim, gostei m,uito deste teu poema.

    Nesse armário, meu amigo, povoaste-te de Universo.
    Encheste-o de mar e céu.
    Fechaste nele, contigo, o sonho.

    Volta a abri-lo, e abre-te para a vida, pois já não é o vento da morte que te vai cercar, mas sim a brisa do mar de que falaste e a dança dos aromas dos campos da tua infância.


    Um beijo

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  2. Quim

    p.s. este o conselho que eu daria ao poeta.

    Beijinhos

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  3. "Quando tiver tempo..."
    Vive-o da melhor forma possível, palavra a palavra, ao sabor do vento e da poesia...

    Um abraço ;)

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  4. Esperemos que não vá ter a Nárnia, o que está dentro do armário.
    1 Abraço

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  5. Ocorrem-me aquelas palavras "Quem é que disse que a felicidade tem de ser alegre?".

    Continuas a conseguir olhar nos olhos a acidez de estar vivo.
    Sem ser para entreter estilo.

    Agride-nos. Dói. Porque somos humanos.
    Mas tomara conseguir fazê-lo assim tão bem.
    E daí retirar uma vitória íntima.

    És mesmo um tipo de uma cepa rara...

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  6. Parei por aqui, vindo do Estúdio Raposa. Fiquei rendido à concisão da tua poesia e à perfeita adequação da forma. Terei de vir mais vezes.

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